O partir do vidro

Tudo aquilo que alguma vez quiseste saber sobre (a minha) poesia e algo mais...

Nome:
Localização: Ermesinde, Porto, Portugal

Há pessoas perfeitas...mas não sabem o que fazer com essa perfeição.Eu não sou dessas...porque não sou perfeito

maio 31, 2004

Começou


A ordem da vida foi perfeitamente reposta
porque nas tuas mãos essas linhas combinam com a perfeição.
Quero arder...mas que o fogo sejas tu...
Desvanecer...que importa o fumo?

Ligo a máquina, tu ris e eu paro.
Faço um poema a mim próprio,
nunca me irei esquecer...
Porque, se me esquecer, para quem irei escrever?

Eu sei o que tu lês.
Sei que isto, para ti, é ordinariamente poético.
Sei que já te esqueceste...sei...
Sei que, agora, ao revirares os olhos, este poema morreu.

dedicado a todos aqueles que sentem a poesia...durante o momento em que a lêem...ela não se sente...RESPIRA-SE...para sempre

Acabou!


Tropeço, caio e encontro o novelo cabal.
Dou folga à linha que se prende entre os dedos,
puxo-a de novo; deixo-te ir,
e sinto que isto nunca mais acabará.

Numa espiral na qual ninguém sobe ou desce,
se erguer a cabeça vejo o fim de ti.
Mas o fim foi tão breve e leve
que começa outra vez...espiral do fim.

A tua alma é uma alegre anarquia;
O teu estado passou por mim sem uma gota de sangue.
Eu…só vejo o que quero.
Tu…só queres o que vês...

Engano


Naquela noite, fria e triste,
Bateste à minha porta.
Disseste tudo e o que eu ouvi foi nada.
Fizeste tudo que pudeste e o que eu senti foi tóxico

Agora, sei quem tu és e lamento tudo.
Sou tão dependente de mim…
O que fiz eu?
Perdi tudo?

Porque fui fraco? Porque cedi?
A pressão faz de mim o que quer
e eu, só me sinto sóbrio,
Mesmo bebendo esta vida solitária.

Queria ser o mundo que já fui,
queria chorar de poder,
viver sem sofrer
e amar te. Sim, só tu o mereces…
Mas a vida acabou tão cedo…sem ti...sem a paixão que um dia me afogou.
Queria morrer para te ter…
Estou tão triste e com tanto medo.

maio 28, 2004

So(mente)


E agora?
Estendo a mão e tudo o que sinto é o vazio.
Estou sem ninguém e nem eu próprio sei o que será de mim.
Só me darei como ultimo recurso,
quando já nada mais me valer,
quando souber que já morri por dentro.
Mas será tão cedo ainda...
A felicidade não é ilusão, ela simplesmente não existe.
E agora quem me salvará?
Quem será?
Boa noite...


dedicado a mim e a toda a dor que já aqui passou...espero ter sido um bom anfitrião...

A sombra não existe


Esgotei todas as mentiras possíveis
e, agora as feridas sangram cada vez mais.
Dou existência ao plural do verbo sofrer
e, irei rastejar até que a fixação seja um culto.

Consigo escrever tudo para quem quero
mas para ti…a minha mão treme.
Perdi tudo o que conseguia controlar
mas irei tentar ate falhar…

Quando a mentira é natural,
sabes bem, que não existe nada para além dela.
Mas, não se passará o mesmo com a verdade?

Da dúvida persiste uma certeza:
a vida é de quem a suporta
e nunca se pode esperar dela
aquilo que não se vê.

Naquela rua


Foi o que foi e nunca o vai deixar de ser.
Fiz o que fiz, sem nunca me arrepender.
Li tudo sobre ti só para me foder,
e, enquanto canto, o mundo apodrece.

Estás no cume da pirâmide
para te encharcares em perfume:
algo mortal, algo que transportas contigo,
mas que nunca será meu…Cristo!

Cala-te quando chegares ao fundo da rua!
Ouve os pássaros ao fundo da rua!
São tão livres…
e tudo é tão diferente naquela rua…contigo.

maio 27, 2004

Eco


Solto e sem amarras,
sozinho no penhasco da dor.
Dois passos são o nosso destino
de realização pessoal.

Largo um grito ensurdecedor
e aí, nesse momento, todo o meu ser se abre.
Liberto tudo o que é dispensável
para poder ser eu.

Neste eco que me persegue,
vejo o reflexo da tua sombra.
A paciência de um inimigo
Mata as saudades de um amigo.

Jardim de veneno


Espero por alguém que nunca vem
perplexo por algo que nunca existiu.
És a rainha do teu reino
mas o luxo um dia afogar-te-á.

Manchas-me de sangue sem o mínimo de prazer
sabendo eu, que nunca me envenenarás.

És bela e roças na perfeição.
És tudo para todos, minha ##########.

maio 24, 2004

Irmãos


As veias que eu venero são tão minhas,
mas, a capacidade de pensar é tão nossa.
Adoro ver-te, sem qualquer preocupação
ou qualquer emoção, a detestar um coração.

A desilusão que nos acompanha é algo real
e sim, estamos perdidos meu irmão…
mas, inventemos algo divino
para não chorarmos enquanto nos desintegramos.

Vamos fazer tudo hoje.
Não importam éticas ou morais.
Vamos amar, odiar e arruinar quem nos apetece.
Hoje somos livres; amanhã o mundo é negro.

dedicado a V.H.F.P.

Aprendiz


Neste circo de grandeza emocional
sou o ilusionista que controla o jogo.
Faço de ti o que quero,
e, no final do acto sou eu aquele quem ri.

Num palco envenenado,
destilo almas sem pudor,
quero-te porque és o melhor
e irei fazer de ti o meu seguidor.

Respiro poemas caóticos,
ensino-te tudo aquilo que é dor,
para que no fim
te tornes naquilo que o mundo for.

maio 21, 2004

Salvação?


Esta noite sinto algo que sei não ser meu,
algo frio, algo dentro, algo morto.
Mas sinto-o tanto que me faz estremecer
e desejar morrer, sem o mínimo de conforto.

Qual efeito especial, qual animação!
Esta noite beberei até me afogar,
ou então, até matar o desejo,
sem qualquer compaixão irei te detestar.

Sei que o corpo é meu
mas o culto é teu,
e quero ser
para me perder.
Simplesmente ser…

Os ritmos


Sangue que escorre pelas mãos após o enterro.
quanto mais terei de sofrer sem que tu ardas?
A piscina da vida esvazia-se aos poucos
mas eu, insisto em nadar, talvez morto.

Encosto a cabeça ao relógio,
sem mais demoras o suor filtra-se pela seda
E, num majestoso erguer de impérios
o pó levanta-se, cobrindo-nos o rosto.

Apetites sem sabor
e tudo o que se segue é incolor,
Como alguém que perde um grito
que ecoa no futuro.

maio 19, 2004

Névoa


Persigo algo sem saber se sou a presa
na rua sinto o cheiro dos corpos queimados
talvez imune, ou sem medo de nada,
aposto em mim sabendo do mistério da derrota.

Saboreio Deus sem conhecer a sua mística
ensino algo que nunca aprendi,
mas troco de nome por ti
e faço algo para nunca me perder.

Perdido ou não, sei quem sou.
Hoje sei.
Ontem as nuvens mancharam-me.

Sê-o até à morte


O pensamento é algo privado:
tal como um segredo mortal,
tal como um desejo fatal,
ou como uma agulha letal.

Publicas-me o coração,
amas o desvendar ao serão.

Eu, olho o mundo,
prendo-te as asas
e rezo por ti na viagem.

maio 16, 2004

Preto e branco


Não sei o que sinto
mas nem quero sentir,
só sei do que falo
como se de algo palpável.

Talvez desvaneças quando choras
mas o desintegrar deixa marcas
e, o que seria de nós
sem o mínimo de chagas no corpo?

Agora, enquanto adormeces
e eu fito a chuva através das vidraças
alguém imune ao sentimento ri
e eu, choro por não ser quem esse alguém é.

A génese hipotética


Visto algo que me aquece por agora,
esta noite enterro-te com as minhas próprias unhas
e são tantas as visões
como se amasse as ilusões!

Sou um partir triste
um adeus forçado
uma saudade temporária

És quente e talvez minha,
mas como te nego!
vantagens impuras
sem o mínimo de corrupção

Por agora desligo-te a luz…

O verbo impuro


Procuras o meu núcleo sem o encontrar,
eu escorro túneis por onde não desejo passar
Sei os teus caminhos de cor
e pinto telas com traços de dor.

Leio pensamentos cravados nos teus olhos
tu desvendas desejos impuros nos meus beijos,
e enquanto as nuvens me perseguirem
sei que tu nunca serás mais do que o tudo.

Friamente reviro-me para te encontrar:
fraca, deserta e patética,
como sempre foste
e eu, que sou senão tu?

maio 15, 2004

Uma tinta sem cor


Sou o meu criador
uso-me, destruo-me e detesto-me da forma que quero
quem ousa questionar?
quem ousa retirar-me este título?

Se por um momento hesito e vacilo
por outro, sei que a certeza reside em mim
mesmo estando certo do meu erro
estas mãos irão erguer-me do chão.

Fiz o meu futuro hoje, tendo-o escrito ontem.
Uso-me sem interrogações,
destruo-me com as intenções
e detesto-me por tantas razões…